APRENDIZADO MUSICAL PARA RECUPERAÇÃO DE FUNÇÕES COGNITIVAS PÓS-COVID 19
Um estudo realizado na USP indica que disfunções cognitivas podem ocorrer em consequência da infecção pelo coronavírus. Embora esse estudo ainda não tenha sido publicado, achei interessante escrever um texto explicando de que forma o aprendizado e a execução musical poderia ser uma ferramenta muito interessante para recuperação desses casos. De acordo com as reportagens a respeito desse estudo, vários pacientes recuperados pela Covid 19, apresentaram perda de memória, dificuldade de concentração, problemas com a compreensão e déficits no raciocínio. E esses problemas seriam decorrentes da hipóxia — ou seja, da falta de oxigenação no sangue. A ativação cerebral consome muita energia, ou seja, necessita de maior nível de glicose e oxigênio para ativar áreas cerebrais relacionadas com o desempenho de tarefas, portanto a falta de oxigênio no sangue pode comprometer essas funções. De acordo com a pesquisadora que coordena esse estudo, o diagnóstico e o tratamento precoce seriam fundamentais, pois quanto mais rápido for o tratamento e maior for o estímulo, melhor será a recuperação. O aprendizado e a execução musical são atividades mentais tidas como uma das mais completas que o ser humano pode fazer. Eles requerem integrações de ativações cerebrais de quase todas as áreas cerebrais relacionadas com aspectos cognitivos, espaciais, motores, visuais, auditivas, emocionais, entre outros. Ou seja, tocar música requer ativação de várias áreas cerebrais de forma intensa, como podemos ver em uma das imagens que foi obtida na minha pesquisa de doutorado. Nessa imagem, as partes coloridas indicam as áreas cerebrais que foram ativadas no decorrer da execução pianística dentro de um equipamento de Ressonância Magnética Funcional (um equipamento que permite estudar ativações cerebrais). Nessa imagem é possível ver a grande extensão das ativações cerebrais que a execução pianística requer. Pelo fato de abranger uma extensa área cerebral, acredito que o aprendizado musical seria uma ferramenta muito eficiente para o tratamento dessas disfunções cognitivas. Porém, acredito que além da extensão, um outro aspecto reforça a possibilidade da eficiência da utilização do aprendizado musical como tratamento de problemas cognitivos. A execução musical pode envolver diferentes circuitos neurais, ou seja, uma área cerebral pode ser ativada usando diferentes caminhos. Portanto, se alguma região cerebral estiver obstruída, pode ser possível a utilização de caminhos alternativos. O aprendizado musical é uma das atividades mentais mais completa que o ser humano pode realizar. Dessa forma, acredito que ele possa servir como tratamento de diferentes disfunções cognitivas. Porém ele requer muito cuidado por parte do professor, pois se for realizado de forma inadequada, o aprendizado pode ser travado, principalmente quando há uma disfunção cognitiva. Portanto, para que ele seja efetivo, é necessário respeitar a capacidade de cada estudante e saber conduzir o aprendizado de forma adequada, eficiente e prazeroso. Márcia Kodama – Fevereiro/21 para CAEM – Central de Apoio às Escolas de Música