Está provado que estudar música melhora as funções executivas do cérebro, responsáveis por habilidades como memória, controle da atenção, organização e planejamento do futuro. Isso acontece porque praticar música, como tocar um instrumento musical, exige foco e disciplina, além de utilizar a coordenação das mãos, senso rítmico, estímulo visual e auditivo.
Com os estudos avançados da Neurociência, hoje temos informações seguras que o período entre 0 e 6 anos é de extrema importância para o desenvolvimento infantil. É a fase de estruturação do sistema nervoso, em que comportamentos são aprendidos e consolidados. Em uma entrevista à Revista Pais e Filhos, a neurocientista Elvira Souza Lima explica: “Uma criança que começa antes dos 7 anos a estudar música tem maiores possibilidades de o lado esquerdo e direito do cérebro se comunicarem melhor, desenvolvendo a atividade do pensamento”.
Howard Gardner, professor da Faculdade de Harvard, afirma que todo indivíduo nasce com um vasto potencial de inteligências, mas que estas só vão aflorar se forem estimuladas e praticadas. Todos podem desenvolver a inteligência musical se praticarem.
Desde uma brincadeira de roda, ou tocar um instrumento musical nas aulas de música, o cérebro é desafiado a utilizar diversas coordenações ao mesmo tempo (cantar/dançar, cantar/tocar/dançar, dançar/tocar etc). A neurocientista Viviane Louro afirma em seu livro “Fundamentos da Aprendizagem Musical” que a música requisita funções perceptivas, cognitivas e executivas e mais o aparato psicoemocional exigido pela arte, auxiliando no desenvolvimento das estruturas cerebrais, o que automaticamente educa os movimentos do corpo.
Estudos mostram que quando o bebê nasce ele já foi estimulado através dos sons (dentro da barriga da mãe) e das pessoas que cuidam dele (depois do nascimento), que geralmente brincam com ele utilizando a música. As aulas de musicalização infantil unem duas ferramentas muito significativas para a criança: canções e brincadeiras: ou seja, através de histórias sonorizadas, brincadeiras de roda, brincadeiras de mãos, tocando ou construindo instrumentos musicais etc., a criança interage com um ambiente de sensibilização, reflexão e prática musical. E vai desenvolvendo habilidades que irão auxiliá-la em seu desenvolvimento integral, como desinibição, maior expressividade, desenvolvimento psicomotor mais consolidado, maior criatividade etc.
A neurocientista Suzana Herculano-Houzel afirmou, em uma entrevista, que o repertório musical de escuta de uma pessoa é desenvolvido ao longo de sua vida de acordo com o meio social que está inserida. E pelas experiências significativas que teve com certos estilos musicais.
A música é uma linguagem matemática, mas ao mesmo tempo afetiva, sempre inserida em um contexto social. Através dela podemos aprender qualquer conteúdo, por isso é tão utilizada em diversas rotinas nas escolas de Educação Infantil, além de ser utilizada também para trabalhar tabuada, inglês etc.
Para tocar bem um instrumento musical é necessário disciplina. É necessário se organizar para praticar e melhorar suas habilidades no instrumento. A criança, de um modo geral, deseja resultados imediatos e ensiná-la a persistir, a não desistir quando surgem os desafios de tocar o repertório musical, são treinos importantes para o ser humano e para sua educação global.
Caso a criança aprenda a tocar um instrumento musical, ela aprenderá desde cedo a importância da prática, do foco, da perseverança e da disciplina para melhorar, além de enfrentar o medo de errar e lidar com a dificuldade. Quando a criança mostra o repertório musical que está aprendendo, sua autoestima aumenta e isso contribuirá para que ela tenha mais confiança para persistir perante outros desafios que terá em sua vida (pois associa a conquista deste, ao sucesso dos demais desafios que virão).
A música na infância sempre vem acompanhada de momentos afetivos, sejam brincadeiras cantadas envolvendo mãos, toque, roda, tocar e cantar juntos, ou seja, atividades que fazem com que as pessoas interajam de uma maneira divertida. As atividades coletivas musicais em família, por exemplo, nos deixam memórias positivas e marcantes, por isso devem ser estimuladas e praticadas.
A música pode fortalecer áreas cerebrais importantes nos primeiros anos de vida, quando a neuroplasticidade – capacidade do cérebro de modificar sua estrutura e função através de experiências anteriores é maior, mas é preciso salientar que a plasticidade continua na fase adulta. Nunca é tarde para praticar música. Ou seja, desenvolvendo essa nova habilidade, programaremos nosso cérebro para envelhecer em melhores condições.
Não é à toa que hoje existe a Lei 11.769, que obriga todas as escolas a ofereceram aula de música para as crianças. Os benefícios são gigantescos. Seus filhos merecem crescer em um ambiente em que a música seja valorizada. Além de diversas memórias positivas que ele terá, todo seu desenvolvimento será beneficiado. Dessa forma, nossos filhos poderão usar seu tempo com mais qualidade e utilizarão a música como amiga e companheira, nos momentos difíceis e alegres da vida.
- A música ajuda no desenvolvimento neurológico da criança.
- O aprendizado musical modifica fisicamente o cérebro, principalmente na primeira infância (0 a 6 anos) e os ganhos se mantêm por toda a vida.
- Todos podem desenvolver a inteligência musical.
- As experiências musicais na infância ajudam a controlar melhor o corpo e a desenvolver a expressividade e a coordenação rítmica.
- A música é uma linguagem naturalmente atraente para a criança.
- Os estilos musicais que escutamos durante nossa vida, tendo experiências positivas, fazem toda a diferença no nosso gosto musical na fase adulta.
- A música é interdisciplinar.
- Praticar música ensina a importância da disciplina.
- A música melhora a autoestima e o autoconhecimento da criança.
- A música desenvolve o vínculo afetivo entre aqueles que juntos a praticam.
- A música traz benefícios a longo prazo.